quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Café com Monstros - Depoimento de Fábio

Primeiro, um pouco da minha trajetória:

A gênese dessa idéia se deu, indiretamente, em 2007, no antigo atelier de Escultura do CAL, onde se podia ficar trabalhando após às 23h. Muito café bebido em madrugadas solitárias e ao mesmo tempo povoadas por diversas figuras de terracota. Entre estas, despontavam os Grotescos, inspirados no Quasimodo da Notre-Dame de Vítor Hugo e na própria materialidade da argila.

O termo Café com Monstros surgiu de uma fotografia dessa época, onde bebo uma xícara de café, cercado por dois corcundas, o Rei dos Bobos e o finado Tolo na Montanha, cuja trajetória está documentada no curta-metragem digital O Golem.


E quanto à instalação:

Essa foto e seu título representam uma pequena semente que ficou latente. Agora, dois anos depois, surgem as criações coletivas do grupo (Des)Esperar. Com elementos trazidos da trajetória pessoal de cada um dos membros do grupo, criamos as árvores vermelhas do Varal Itinerante, a trepadeira Cottiporaneus catacumbarium do Sarau do CUCA, e o Con-Domínio das Almas, projetado para interagir com uma árvore na intervenção Liberdade condicionada, que no MASM acabou sendo transformada, e no CEAC pôde ser feito com sua configuração original. A partir destes trabalhos foi surgindo a idéia de uma proposta vegetal para a Sala Dobradiça. O ambiente estava imaginado, mas ainda faltava alguma coisa... Então uma bela noite retorna a lembrança do termo Café com Monstros, e o grupo o transforma num projeto de instalação, que caiu como uma luva para fechar essa proposta da Sala.

O objetivo dos monstros é, desde o princípio, trazer a questão do grotesco, questionando valores éticos e estéticos. Com a intervenção Liberdade Condicionada, surge o primeiro dos monstros do Café, o Sr. Gaiola: um vendedor que cativa com seu sorriso simpático, e ao mesmo tempo cativa dentro de suas gaiolas no Con-Domínio das Almas! Um objetivo deste trabalho é suscitar essas contradições entre medo e simpatia, e em seguida entre esta simpatia e as conclusões grotescas que se chega sobre os monstros, e, com isso, talvez sobre a própria humanidade...

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