domingo, 28 de novembro de 2010

Aquilo que se bebe em xícara translúcida - momento final

relato por Tamiris Vaz

Ontem, 27 de novembro, realizamos a última etapa do trabalho “Aquilo que se bebe em xícara translúcida”, no Macondo Circus. Por volta das 22hs, ao término do show do Proyecto Gomez, com todo o seu agito eletrônico, um silêncio se faz e o público é convidado a prestar atenção em nossa xícara.

Lentamente me desloco do meio do público e me agacho em frente a ela. Logo em seguida Fábio e Andressa repetem os mesmos gestos, vindo cada um de uma direção.
Feito isso, Francieli e Florence chegam até a xícara e, de súbito, erguem-na e despejam o líquido sobre nossas cabeças, deixando-nos presos dentro da mesma, agora virada com a boca para baixo.



Movimento e agitação dentro da xícara, panos para um lado, gotas para o outro, o público aguardando, atento. De repente o líquido começa a escorrer, primeiro aquele que transparece (Andressa), depois o que necessitamos que transpareça (Tamiris) e, por fim, o líquido que não queremos beber em xícara opaca (Fábio). Os líquidos revelam-se capas vestidas pelos integrantes do coletivo, que caminham, correm, giram, param e indagam as pessoas sobre suas transparências. Pelo caminho, inevitavelmente, vão caindo algumas gotas, enquanto outras vão sendo entregues para o público.


Os líquidos se diluem, restam apenas as gotas nas mãos de

muitos e a xícara virada e vazia. O trabalho que iniciara com respostas vindas do público, retornara a ele, em forma de respostas, mas também de questionamento.
Aonde bebemos nossas vidas?
O quanto ocultamos ou deixamos transparecer nossas ações, interesses, vontades?
Quem teme revelar seus líquidos consumidos em xícara opaca?
O que, afinal, representa a xícara? Não deixamos respostas, estas não cabem a nós, pois mesmo a xícara translúcida não é capaz de revelar claramente, sem deformação, toda a verdade do líquido contido dentro dela.
Só quem bebe sabe responder.















Confira o vídeo com uma amostra do que aconteceu:


Em breve, mais imagens...

sábado, 27 de novembro de 2010

Aquilo que se bebe em xícara translúcida - primeiros dois dias

 (relato por Fábio Purper Machado)

A intervenção do Coletivo (Des)Esperar no Macondo Circus 2010 se aproxima do conceito de arte relacional, propondo que a interação do público o transforme. Este evento, em edições passadas, priorizava a música, mas neste ano a organização passou a propor uma integração entre as artes, com intervenções, geralmente performáticas, sendo realizadas nos intervalos entre as bandas.


 Construímos a xícara com tubos de pvc, plástico e papel. Seu resultado estético se assemelha a xícaras de cerâmica trabalhadas por Tamiris e às xícaras de papel criadas por Andressa para a feira de artes Desvenda, também trazida ao evento, com a diferença de ser uma xícara translúcida, e essa translucidez é a questão com a qual o trabalho se relaciona. Para o interior da xícara, gotas de papel branco, cujo acabamento em papel colado ressoa entre o trabalho do coletivo e a pesquisa em escultura por mim empreendida. Enviamos a nossos contatos na internet uma chamada com três perguntas, solicitando que fossem repassadas e respondidas até o dia 24 de novembro:





- O que transparece?

- O que necessitamos que transpareça?

- O que não queremos que se beba em xícara opaca?

No dia 25, as respostas foram reunidas e impressas e a xícara foi posicionada num ponto do Macondo Circus. Ficamos algum tempo em torno dela, observando reações e fazendo alguns ajustes. Quando a intervenção foi anunciada, numa primeira aproximação à linguagem artística da performance, despejamos as gotas ao lado da xícara e nos sentamos ao redor, Andressa, Florence e eu proferindo as perguntas e Tamiris lendo as respostas, para que os três primeiros as anotassem nas gotas, que, ao final, foram jogadas na xícara.


Ontem, dia 26, um pouco antes do momento em que as atenções deveriam se voltar à intervenção, Tamiris e eu introduzimos três tiras de tecido (tnt) na xícara. Andressa e Florence, vestidas de preto e maquiadas, entraram na xícara e começaram, pacientemente, a pregar as gotas nesses tecidos.
 Nesta ocasião, quebrando o silêncio e juntando-se ao burburinho do público, começamos a fazer as perguntas para elas, que respondiam lendo nas gotas. Ao contrário dos trabalhos de diversos artistas performáticos, não foi proposto um desfecho definido, mas sim um tipo de diluição da intervenção no tempo. Para hoje está prevista a revelação do que são esses tecidos, e mais um desfecho a se diluir... 






Visite também
http://www.macondocircus.com/2010/?p=855

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aquilo que se bebe em xícara translúcida

O que transparece?
O que necessitamos que transpareça?
O que não queremos que se beba em xícara opaca?
Envie sua resposta até dia 24 para o e-mail grupodes.esperar@gmail.com e contribua para nossa intervenção no Macondo Circus 2010, entre os dias 25 e 27 de novembro na Gare.