relato por Tamiris Vaz
Ontem, 27 de novembro, realizamos a última etapa do trabalho “Aquilo que se bebe em xícara translúcida”, no Macondo Circus. Por volta das 22hs, ao término do show do Proyecto Gomez, com todo o seu agito eletrônico, um silêncio se faz e o público é convidado a prestar atenção em nossa xícara.
Lentamente me desloco do meio do público e me agacho em frente a ela. Logo em seguida Fábio e Andressa repetem os mesmos gestos, vindo cada um de uma direção.
Feito isso, Francieli e Florence chegam até a xícara e, de súbito, erguem-na e despejam o líquido sobre nossas cabeças, deixando-nos presos dentro da mesma, agora virada com a boca para baixo.
Movimento e agitação dentro da xícara, panos para um lado, gotas para o outro, o público aguardando, atento. De repente o líquido começa a escorrer, primeiro aquele que transparece (Andressa), depois o que necessitamos que transpareça (Tamiris) e, por fim, o líquido que não queremos beber em xícara opaca (Fábio). Os líquidos revelam-se capas vestidas pelos integrantes do coletivo, que caminham, correm, giram, param e indagam as pessoas sobre suas transparências. Pelo caminho, inevitavelmente, vão caindo algumas gotas, enquanto outras vão sendo entregues para o público.
Os líquidos se diluem, restam apenas as gotas nas mãos de
muitos e a xícara virada e vazia. O trabalho que iniciara com respostas vindas do público, retornara a ele, em forma de respostas, mas também de questionamento.
Aonde bebemos nossas vidas?
O quanto ocultamos ou deixamos transparecer nossas ações, interesses, vontades?
Quem teme revelar seus líquidos consumidos em xícara opaca?
O que, afinal, representa a xícara? Não deixamos respostas, estas não cabem a nós, pois mesmo a xícara translúcida não é capaz de revelar claramente, sem deformação, toda a verdade do líquido contido dentro dela.
Só quem bebe sabe responder.
Confira o vídeo com uma amostra do que aconteceu:
Em breve, mais imagens...
Bacana o trabalho de vocês e a reflexão proposta. Parabéns.
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