segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Coletivo (Des)Esperar em Floripa - SC

Entre os dias 08 e 09 de Setembro, rolou em Floria na UDESC o V Colóquio Poéticas do Urbano - Coletivos de Arte do Brasil: Políticas e Poéticas em Trânsito. O coletivo se fez presente neste encontro.

Abaixo um pequeno relato do encontro:

por Tamiris Vaz

Dentre os assuntos discutidos sobre a temática ‘coletivos de arte no Brasil’, destaco a apresentação de André Mesquita (USP) que relata sua experiência com coletivos ativistas em São Paulo, descrevendo alguns momentos vivenciados na ocasião da ocupação do Edifício Prestes Maia pelos sem-teto e a adesão de artistas à essa causa, realizando intervenções no edifício como forma de protesto contra a retirada dos moradores. Ele discute sobre o perigo de artistas se angajarem em ações sociais quando não empreendido um diálogo que os aproxime dos indivíduos envolvidos e, assim, realizarem um trabalho que funciona mais como auto-promoção do que ação de defesa de uma causa coletiva. Cita a enorme repercussão do ícone ‘catraca’ criado pelo coletivo Contrafilé em 2004; o Coletivo Entorno que faz a “Lavagem da Praça dos três poderes” anualmente de 2002 à 2007 e cria um candidato que inaugura locais simbólicos do passado. Fala do Esqueleto Coletivo que sai às ruas de São Paulo com seu exército de executivos; e sobre o Coletivo Etcétera, de Buenos Aires, que encena o “Internacional Errorismo”, numa ironia ao pânico terrorista amplamente incentivado pelos meios de comunicação.

Destaco também os Jogos Pervasivos apresentados pela professora Yara Guasque (Udesc), descrevendo seu projeto Ciberestuário Manguezais, uma plataforma virtual na qual os participantes discutem e trocam materiais coletados em manguezais, especialmente o Maguezal 14 e o Itacurumbi, ambos localizados na ilha de Florianópolis. Este trabalho está disponível para observação e participação no endereço http://www.ciberestuariomanguezais.ning.com

O Grupo de Pesquisa Poéticas do Urbano, da Udesc, apresenta o vídeo “Vidas e Vendas na Rua”, sobre alguns trabalhadores que desenvolvem seu comércio informal no centro de Florianópolis.

O Professor Mário Ramiro (USP) faz uma apresentação bastante dinâmica relatando um pouco de sua experiência junto ao Coletivo 3nós3 em meados dos anos 70 com suas interversões nos espaços urbanos.Cita ainda obras como “Yankes go home” de Cildo Meireles, os outdoors de Nelson Leirner, a arte postal de Paulo Bruski e Santiago, as bombinhas em outdoors de Eduardo Srur e as bases para unhas fracas de Alexandre Vogler. Em sua apresentação, Ramiro declara que apesar de todos os fluxos que percebemos e reproduzimos sobre a cidade, é importante que não nos esqueçamos que ela também é composta de fixos, de matéria e não só de conceito; de concreto, mesmo quando só nos é possível conhecê-las através de representações, à exemplo da obra Remote Words (remotewords.nets), de uma dupla alemã que escreve frases no teto de prédios para posteriormente serem registradas pelas fotografias via satélite disponibilizadas pelo Google Earth.

Outras apresentações de grande conteúdo foram apresentadas pelos mestrandos da Pós-Graduação em Artes Visuais da Udesc e a pesquisadora Aracéli Nichelle, no último dia, defende sua dissertação de mestrado sobre o Coletivo 3nós3, tendo como membro da banca avaliadora o professor Mário Ramiro, integrante do coletivo estudado.

Confesso a imensa satisfação por termos estado presentes neste evento.

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